75ª SOEA - Engenharia e Agronomia no desenvolvimento do país é tema de palestra

75ª SOEA - Engenharia e Agronomia no desenvolvimento do país é tema de palestra

Como produzir alimentos de qualidade para atender à população aliando preservação dos recursos naturais para gerações futuras? Com esse questionamento, o engenheiro agrônomo Ricardo Ramalho iniciou a palestra “Engenharia e Agronomia do futuro e seus papéis no desenvolvimento do país”. Segundo o professor, é notória a limitação de recursos climáticos, porém ele alerta: “vamos ter que conviver com essa situação, pois a Terra tem uma limitação e temos que estar atentos a isso”.

Engenheiro agrônomo Ricardo Ramalho

A agronomia tem inserção nas principais atividades do dia a dia nas seguintes questões: produção de alimentos saudáveis, fixação do homem no campo, preservação de recursos naturais, conservação do solo e da água, além das energias renováveis. “Então qual o futuro: agricultura moderna ou agroecologia?.” , questionou o professor aos profissionais que assistiam à palestra.

Na opinião do engenheiro agrônomo, que também é produtor de alimentos saudáveis, existe a necessidade de uma convivência entre as duas áreas. “Essa convivência é necessária por uma série de práticas que valorizamos e são comuns às duas correntes, pois suas vertentes são como escolas de atuação em que os profissionais optam por um ou outro caminho”, destacou. Ou seja, de acordo com o professor, é de extrema relevância um debate e não a anulação de conceitos. Como exemplo dessa discussão, o professor Ramalho citou a constante polêmica em torno dos agrotóxicos, porém ele afirma que o grande problema é o mau uso do produto por alguns profissionais como existe em qualquer profissão.

O professor Ramalho falou sobre a capacidade de produção dos alimentos. Em 1850 era um agricultor para alimentar cinco pessoas. Em 1988 – último ano apresentado – apenas um agricultor era responsável por alimentar 67 pessoas. O engenheiro agrônomo também destacou a questão da diminuição significativa da área agricultável, devido à degradação, práticas predatórias desenvolvidas em todo o mundo. E para o professor todas essas questões devem ser analisadas para que a agronomia consiga se manter em destaque no futuro.

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Ao concluir a palestra, o professor destacou algumas dificuldades que devem ser observadas para enfrentar todas as questões em debate na agronomia como, por exemplo: tecnologia, ética, interação com a sociedade e aplicação do conhecimento. “Ainda estamos muito afastados da sociedade e os Creas têm um papel decisivo nessa área, temos que ter uma convivência com as energias renováveis e saúde ambiental. Aplicação do conhecimento muitos engenheiros sabem, mas não aplicam porque não sabem ou não querem aplicar”, disse.

Legendas – Professor Ricardo Ramalho destacou a necessidade de convivência entre agronomia moderna e agroecologia

Palavra-chave: inovação

A palavra-chave é inovação. Foi com o discurso de aliar empreendedorismo e inovação que o professor titular do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e conselheiro do Crea-SP, Maurício Pazini Brandão, palestrou sobre “Engenharia e Agronomia do futuro e seus papéis no desenvolvimento do país”.

O professor disse que o Brasil é um país que apresenta inúmeras possibilidades de crescimento. Contudo, os engenheiros – profissionais educados para resolver problemas e mostrar mais possibilidades para trazer mais desenvolvimento ao país -, não são educados em uma cultura de empreendedorismo e inovação. “Riquezas  novas só brotam da natureza, da imaginação ou da inovação. A maioria das inovações apresentadas são evolucionárias de alto impacto, mas de baixa inovação”, comentou Maurício. O profissional destacou uma informação da Organização das Nações Unidas (ONU) que apresenta o povo brasileiro como feliz, mesmo com inúmeros casos de corrupção, desemprego, diferenças de ideologias e raças, por exemplo.

Professor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e conselheiro do Crea-SP, Maurício Pazini Brandão

Ou seja, o Brasil possui inúmeras formas de crescer e se desenvolver da melhor forma possível, contudo o que falta ainda é a inovação disruptiva fenômeno em que é criada uma novidade que consegue modificar o contexto do mercado. “Normalmente a inovação disruptiva surge de ideias consideradas malucas, gera ceticismo quando anunciada e não consulta o mercado, entretanto estabelece novos padrões, pois tornará alguma outra iniciativa obsoleta”, explicou o professor Maurício.

Uma das saídas para intensificar o empreendedorismo, na opinião do professor do ITA, é iniciar seu estudo ainda no ambiente escolar. Maurício assegurou que 80% de todas as ideias que surgem durante os estudos acadêmicos acabam morrendo na biblioteca do curso. “Não basta ser inteligente tem que ter habilidade para os negócios e trabalhar em equipe”, alertou.

O professor ressaltou que quando se fala em inovação tem que haver um diferencial para fazer com que a tecnologia aconteça. “A indústria 4.0 é inevitável e veio para ficar. O conteúdo nacional ainda é extremamente baixo e se não investirmos na área vamos mandar muito dinheiro para o exterior. Temos uma situação complicada porque talvez tenhamos redução dos investimentos em ciência e tecnologia no próximo ano o que pode afetar o desenvolvimento de novos projetos”, disse.

Para um futuro próximo o professor Maurício acredita que o Brasil está evoluindo e que, se todos quiserem, o país pode se tornar uma grande nação desde que a educação seja ligada diretamente à inovação.

 

Reportagem: Erta Souza(Crea-RN)
Edição: Fernanda Pimentel (Confea)
Revisão: Lidiane Barbosa
Equipe de Comunicação da 75ª Soea
Fotos: Art Imagem Fotografias

 

Fonte: http://www.soea.org.br/?p=5042