Colheita confirma recorde de produção

Colheita confirma recorde de produção

A safra 2017/18 tem produtividade e preços em alta; já no ciclo 2018/19, que começa a ser plantado em dezembro, a expectativa é de avanço de 12,5% na área cultivada.

Com 18% da área colhida, a safra brasileira de algodão 2017/2018 avança em um cenário que não poderia ser mais positivo. A produtividade acima da expectativa e os preços em alta devem garantir a colheita de 2 milhões de toneladas, recorde para a cultura.

Diante desse desempenho positivo, a expectativa é de que o próximo ciclo seja ainda maior, com alta de 12,5% na área, de 1,1 milhão de hectares para 1,3 milhão de hectares e de 15,7% na produção, para 2,2 milhões de toneladas. “É possível que esse crescimento seja ainda maior na safra 2018/2019, que será plantada a partir de dezembro”, estima o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Arlindo Moura.

O ânimo dos produtores se deve ao clima favorável e também aos preços, que vêm crescendo nas últimas três safras. “Saímos de 75 centavos de dólar por libra-peso e fomos a 78 centavos de libra- peso, sendo que alguns produtores conseguiram chegar a mais de 80, que é um valor muito bom. Isso possibilitou não só a negociação quase total da safra atual, como também a venda antecipada de 50% do ciclo 2018/2019.”

A valorização é motivada pela alta demanda dos países asiáticos “A China reduziu as compras em razão de estoques elevados e agora volta ao mercado. Já recebemos pedido para contratos de 500 mil toneladas da próxima safra.” Embora Moura afirme que o Brasil não tem como atender a essa demanda, a Abrapa realizará uma missão à China em outubro para encontrar uma forma de negociar o maior volume possível.

 

Otimismo

O otimismo com a cultura deve levar a SLC Agrícola a ampliar em 26,8% a área cultivada com a fibra no próximo ciclo, dos atuais 95 mil hectares para 120,5 mil hectares em nove propriedades. Desta forma, a maior exportadora da pluma no País deve chegar também ao topo da produção nacional. Em média, 90% da pluma é exportada, tendo como foco os países asiáticos.

“Nos próximos dois anos esperamos a manutenção da demanda por commodities, especialmente o algodão”, diz o diretor de RH e Sustentabilidade da SLC Agrícola, Álvaro Luiz Dilli Gonçalves. A cultura responde por 24% da área e 47% da receita da empresa, que possui 16 propriedades em seis estados brasileiros.

Ao todo, a companhia deve ampliar a área cultivada em 13% no próximo ciclo, para 455 mil hectares. Toda a safra atual da fibra já está negociada e, para a próxima safra, a venda antecipada chega a 50,5%.

“O algodão tem sido nosso carro-chefe de rentabilidade, com resultados superiores aos da soja”, diz. A produtividade nas lavouras da companhia deve alcançar 290 arrobas por hectare nesta safra de algodão, com 22% da área colhida. “Pode ser que esse número aumente até o final de agosto, quando a colheita termina.” Na fazenda Pamplona, em Cristalina (GO), a expectativa é de 330 arrobas por hectare.

 

Neste cenário de oferta farta, a certificação é fundamental para diferenciação. No ciclo 2016/2017, a produção de pluma com a certificação Algodão Brasileiro Responsável (ABR) alcançou 78% da safra nacional, o equivalente a 30% do algodão certificado do mundo. Na atual temporada, essa fatia deve somar 81,8%. A certificação leva em conta os padrões estabelecidos pela Better Cotton Iniciative (BCI), que é a referência no mercado externo, mas inclui normas que atendem às legislações trabalhista e ambiental brasileira.

“Hoje, as certificações garantem preços mais elevados ao produtor, mas em dez anos quem não tiver a BCI vai vender algodão com deságio”, sentencia Moura. Segundo ele, grandes varejistas como C&A e Renner, por exemplo, estão estabelecendo prazos para que todo algodão adquirido seja certificado. / *A repórter viajou a convite da Abrapa.

 

Fonte: https://www.dci.com.br/agronegocios/colheita-confirma-recorde-de-produc-o-1.724031